quarta-feira, 7 de agosto de 2013


Enquanto isso em Biguacity...

...e na capa ""Mendigos "fazem a festa" na rua Sete de Setembro"".
Ao ler essa notícia de  capa surgiu um balão, qual desenho animado, de
vários homens de barba comprida, roupas rasgadas, com a rua cheia de comilança e balões, música, muitas risadas e alegria e a festa comendo solta.  
(Puft)
Ops, não, não nada de alegrias...o que encontramos é uma matéria tendenciosa cheia de termos incabíveis a essa população e sem conhecimento real do que se passa.

Hoje em dia tratar e falar da população em situação de rua é muito mais complexo do que expressar questões como, bagunça, dependência química, internação, sujeira, etc.
Falar em pessoas que encontram-se nessa situação  é trazer a complexidade e a realidade de um país pobre em planejamento e em políticas públicas efetivas.

Gostaria também de aproveitar o ensejo para informar que esse termo "mendigo" não é mais o termo apropriado para essas questões e que há uma política exclusiva para pensar e atender essa população firmada através do  DECRETO Nº 7.053 DE 23 DE DEZEMBRO DE 2009. (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D7053.htm)

Mas partindo do macro para o micro, focamos em Biguaçu...
Bom a população da Rua Sete, a qual se refere o jornal quase sempre é composta por três senhores de idade os quais permanecem ali pelo fato de o município não ter nenhuma casa de acolhida no momento, nem tão pouco instrumentos de saúde mental que contemplem os problemas visivelmente percebidos da dependência química, mas em especifico o álcool, muito menos equipe especializada para o atendimento dessas situações.

Outra situação que me faz pensar é que em nenhum momento procura-se essa população para conversar e ver juntamente com eles soluções para a melhor vivência dessas pessoas, seja na rua ou em algum lugar específico.

Dai é comum vermos essas falas em relação a defecarem na rua, a dormirem na rua, e questiono aos cidadãos com moradias fixas em Biguaçu... Se os senhores e senhoras sentirem dor de barriga usarão que banheiro? Há comércios que não permitem o uso por pessoas socialmente ditas limpas e sóbrias, imagina por quem vive na rua. O único banheiro público encontra-se na praça e se for uma "ligeira" já era meus amigos. Se os senhores e senhoras perderem o ônibus para o interior,( por que diga-se de passagem o transporte público de nosso município é de péssima qualidade), terão que passar a noite sentados no banco da praça, pois não há local para acolhimento ou pernoite. Essa foi uma pequena comparação para que possamos sair um pouco de nossa condição conforto para nos colocarmos no lugar desse "mendigo".

Alguém em sã consciência pensa mesmo que essas pessoas que sobrevivem das ruas tem esse desejo, se sentem felizes por essas condição, que estão ali por que querem? Eu não penso, penso que são resultados de várias questões e dores emocionais, que podem ser decorrentes desde conflitos familiares, a perda de emprego, dependência química e etc.

Outra questão um desses residentes da rua sete está a 34 anos na rua em Biguaçu, só agora depois de ter sua total sanidade mental abalada pela dependência química e após assumir para si essa condição de morador de rua, é que os munícipes e o jornal em questão se preocupam...Ninguém viu esse senhor antes em Biguaçu, ninguém pensou na solução e na construção de opções para essa pessoa? Ou será que apenas quando me incomoda que passo a pensar sobre?

A poucos dias houve por parte da defesa civil um alerta referente a grande onda de frio  e em especial as pessoas que ficam nas ruas. E pergunto a vocês o que foi feito por parte da gestão para amenizar as dores do frio a essa população, o que fez a prefeitura por aqueles bolsões de pobrezas que circulam o município e que vivem em grande vulnerabilidade social? E eu mesma respondo: Nada.
A única mobilização partiu por parte de uma instituição da sociedade civil apoiada pelas pessoas da comunidade e por outras instituições que se sensibilizaram com a causa e os apelos feitos via Igreja e redes sociais. O que pela visibilidade do fato proporcionou duas reuniões com os gestores para pensar o atendimento contínuo a esse pessoal.

Sim eu me irrito quando vejo que as cobranças partem pra cima do povo dos menos favorecidos e por isso proponho aos responsáveis pelas falas, aos munícipes  e ao Jornal Biguaçu em Foco que:


  • Cobrem da Prefeitura e seus atuais administradores o atendimento adequado a população de rua de Biguaçu; E que as demandas retiradas na duas reuniões pós ação frio intenso sejam efetivadas. (aluguel de casa para acolhimento por parte da secretaria de saúde, atendimento a essa população pela assistência social do município, etc.)
  • Que o município tenha equipe especializada de abordagem social para a identificação, cadastro e atendimento das pessoas que estão nas ruas no município de Biguaçu, assim como as que chegam.
  • Que seja elaborado e colocado em prática o atendimento via CAPSAD, não somente para essa população, assim como para os demais que desse atendimento precisam, afinal a questão da dependência química pé algo gritante em âmbito geral.
  • Que se pense e se efetive uma casa de passagem no município.
  • Que se faça convênios ou institua-se Unidades de Acolhimento para dependência química.
  • A construção de mais banheiros públicos.
Com certeza essas propostas não encerrarão esse problema social, porém são sugestões para amenizar e atender o direito de todos, e quando me refiro a todos afirmo que essas pessoas que estão na rua tem os mesmos direitos que os senhores que reclamam suas presenças.







4 comentários:

Amanda disse...

Parabéns pelo post, acrescento um comentário. Um jornal tem que ter cuidado ao editar TODAS AS suas palavras e frases.

Murilo Azevedo disse...

Maravilhoso, Fabi.

O jornal é de baixíssima qualidade, sabemos, mas ainda assim há que se responder, considerando que boa parte da população pensa igual.

Beijos

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Pam disse...

Ao ver desse jornal, muito Provavelmente a práticas de ações higienistas seriam a solução para o município, né Fabi?
Como trabalhadora do suas e com experiência na intervenção com a população em situação de rua sei, bem das suas angústias bem como do pensamento de muitos, de que o melhor remédio pro que é feio é varrer da cidade...